domingo, dezembro 02, 2007

Decepcionado? Na verdade, não.

Ontem estive na UFRGS mostrando o Merlin no evento do TcheLinux. O evento, que é voltado para a comunidade de amantes do Software Livre, foi mais uma oportunidade de divulgar o que a 3Layer anda fazendo em seus laboratórios.

O evento, ao todo, devia ter umas 150 pessoas. Pequeno, e voltado bem para os CDFs e malucos da área (todos que conhecem o pessoal do Software Livre sabem que essa é uma comunidade bem estilizada. Yes, também faço parte dela :) ).

Pois bem, o J. estava me acompanho até a palestra e, de antemão, eu já comentava que iriámos encontrar umas 5 pessoas como ouvintes para o nosso framework.

E porquê? Por vários motivos: pelo horário (sábado à tarde, verão, lugar distante, etc.); pelo ambiente (os que conhecem as salas da UFRGS sabem que elas não são nada aconchegantes); pelo público-alvo (pessoas ligadas ao software livre em geral, e não desenvolvedores de ferramentas e players da área em geral) e pela existência de outra palestra bem legal no mesmo horário (sobre Ruby On Rails).

Mas o quórum não era maior, não por esses motivos, mas sim pelo que eu tenho em mente há muito tempo: ninguém se interessa em coisas no início ainda.

A comunidade em geral espera que o boom ocorra, que revistas publiquem, que as empresas usem, que (...), enfim, uma pedrada acerte a testa até que a "ficha caia".

Em outras palavras, é mais ou menos o que eu falo em meus "blogs negros". Não que as pessoas estejam erradas, mas a cultura aqui é que niguém se esforça para empreender coisas em estágio embrionário.

Para dar um exemplo, meu colega D. P. é um commiter do Hibernate. Nem eu sabia disso. Mas quando fiquei sabendo, dei sinceros parabéns para o cara. Perguntei para ele quantos desenvolvedores mais tinham aqui no Sul ajudando na coisa... Ele riu e respondeu que era o único brazuca na parada.

Ilário, né? Empresas dão cursos na área, cobram caríssimo e ganham muito dinheiro sobre produtos abertos, que muita gente ajuda sem ganhar dinheiro algum em troca (pelo menos não diretamente) e tudo isso, ao mesmo tempo que ninguém se interessa em prestigiar esforços tão pertinho.

A palestra do Ruby não tava cheia.; os caras que estavam na minha eram programadores iniciantes e o J. fora o único que prestara real interesse no assunto (e vejam bem, ele vivencia diariamente a experiência sobre o assunto).

Mas eu estou decepcionado? Não, sinceramente, não estou.

Na verdade, me pego rindo com isso. E fico muito feliz, até. E por quê? Porque lembro do Gosling infurnado (minha mãe usava muito essa palavra - nem sei se ela existe) num cantinho da Sun mexendo com linguagens formais e novas estratégicas para compiladores...um assunto que, idem, não interessava ninguém além dele mesmo e seus amigos do "projetinho" Green, hoje Java.

Não almejo comparações (quem dera), mas o fato é que, se tudo (ou pelo menos boa parte dos planos derem) certo, quero olhar esse post e usá-lo como conteúdo para uma nova palestra que, bem, espero não contar os participantes nos dedos de uma mão.

Ah, sim, fora o J., três estavam presentes.

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